Autor
Nova Acrópole
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Nova Acrópole
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No momento em que o céu sorrindo
Entreabre as cortinas do esplendoroso Oriente,
E mais sereno que uma criança com as pálpebras fechadas,
Faz sair o sol do seu leito de rosas,
Um vale estava coberto de neblina,
E o habitante do vale,
Baixando a cabeça desolado,
Disse: O céu desvia o seu olhar,
a natureza de luto está encoberta!
– Não, responde-lhe o homem da montanha,
Neste momento o céu ilumina-se;
Na imensidão do azul
Tudo está radiante, tudo é puro.
O dia não está encoberto, é a terra que fumega.
Em lugar de murmurares
Contra a noite que cobre parte do campo,
Sê ágil, e vem comigo
Ver o sol sobre a montanha.
Misantropos e preguiçosos
Ainda a rastejar de terra em terra,
Só encontrais miséria,
Torpeza, lama e poeira,
Erguei-vos, levantai os olhos:
Este mundo, que a vossa vaidade sempre culpa,
Não é a toca de toupeira onde o tédio vos surpreende;
Subi a montanha, elevai a vossa alma,
Deixai de ser pequenos, o mundo será grande.
SIMBOLO V
O Homem da Montanha e o Homem do Vale
O que está em cima é como o que está em baixo, diz o símbolo de Hermes gravado na mesa de Esmeralda. Assim, a harmonia resulta da analogia dos contrários. A forma é análoga ao pensamento, a sombra à luz, o vestuário ao corpo, a bainha à espada, o negativo ao positivo. Quando o Sol faz resplandecer o cimo das montanhas, a sombra desce mais espessa no vale, e quais seriam as honras da ciência e do génio sem a profunda ignorância das multidões? Quer isto dizer que devemos perpetuar esta ignorância? Não, a natureza dotou-os, e como diz o evangelho de S. João, a luz brilha nas trevas mas as trevas não o compreendem, porquê? Por causa do obstáculo. O que fazer, então, para iluminar o vale? Remover a montanha. É bem simples, mas é difícil. Então é altura de citar a célebre frase da tradição muçulmana: Se a montanha não quer descer, subamos a montanha! [Se a montanha não vem até Maomé, vai Maomé até à montanha]
As trevas estão em baixo, a luz está em cima e o crepúsculo está no meio através destas três atmosferas se imerge e se eleva a misteriosa escada de Jacob.
Os muitos que estão em baixo, que aspiram/desejam a luz do alto, devem-se esforçar por subir, mas eles nunca converterão as trevas em luz. Há diversos graus de inteligência e de virtude como há diversas idades, e há os adeptos da igualdade absoluta que querem que se tratem as crianças como se fossem homens feitos. O nosso dever para com as crianças não é o de os persuadir que são grandes, é o de os ajudar a crescer.
Eliphas Lévi
In Fables et Symboles
Transcrição: Arsene Saint Agnile