Equinócio, Tristia e Hilaria

Uma das Cerimónias que se desenvolvia na Roma antiga que coincidia com a chegada da Primavera era o ritual do «corte da árvore».

O mito conta que os deuses do Olimpo decretaram a castração de Cibeles (representada como um ser andrógino). Do seu sangue nasce uma árvore de Romã com apenas um fruto. Nana, filha de um deus fluvial, tomou-a sobre o seu peito e a Romã desapareceu fecundando a princesa. Desta fecundação nasce Atis, Cibeles enamorou-se por ele; quando este filho divino, por sua vez se enamorou decidiu abandoná-la, a deusa, no mesmo dia da sua boda enlouquece-o, forçando-o a castrar-se. Atis morre sangrando e do seu sangue nasceram as  violetas.

O ritual em memória deste rito efectuava-se perto do equinócio da Primavera: começava a 15 de Março, no almanaque lunar era o dia da lua cheia e culminava nos dias da passagem do Sol do zodíaco meridional até ao setentrional, sobre a linha do equador celeste no momento da sua união com a Lua. Este vínculo entre a Lua Cheia e o Sol triunfante encontra-se no museu do Vaticano: Atis está representado com o gorro frígio, adornado com uma meia-lua e raios de Sol.

O dia 15 marcava o começo de um período de purificação em que estavam proibidos os alimentos considerados mais terrestres, como por exemplo o alho (que cresce debaixo da terra) e o porco.

As Tristia festejavam-se no dia 22 e celebravam-se nelas a paixão e a morte de Atis. Os sacerdotes cortavam um pinheiro, simbolicamente o falo de Atis; levava-se a árvore até ao templo e envolvia-se com vendas de lã adornadas de violetas em recordação do sangue de Atis. No dia seguinte soavam as trompetas; ao dia 24, chamado «sanguem», os sacerdotes fustigavam-se nos ombros e nos braços com facas e nas costas com um chicote. Flautas, címbalos, matracas e tambores acompanhavam a dança xamânica e o «Arcigalo», o grande sacerdote podia castrar e receber o sangue de um touro, cerimónia similar à de Mitra.

As Hilarias celebravam-se a 25 de Março, comemoração da ressurreição de Atis e do seu regresso ao seio da Grande Mãe. Diziam que a sua tumba se abriu magicamente e o Deus renasceu. O sacerdote punha um bálsamo sobre os lábios dos neófitos que choravam e sussurrava a boa nova de que também eles podiam triunfar sobre a morte.

Santo Agostinho e São Cipriano afirmavam que a primeira Páscoa calhou a 25 de Março, data da criação do mundo e da concepção de Cristo

Antónia Cotignola

In site Nova Acrópole Espanha